Palácio Rio Negro
Casa de presidentes vira museu
Palácio Rio Negro, em Petrópolis, reabre a 23 de abril
Nos 18 anos em que governou o Brasil, Getúlio Vargas não deixou de passar nenhum verão em Petrópolis. Depois de hospedar 14 presidentes e passar por uma reforma geral, o Palácio Rio Negro, no Centro Histórico de Petrópolis, será reaberto ao público no dia 23 de abril, como Museu Casa dos Presidentes. Residência oficial de presidentes e governadores, o prédio foi construído em 1889 pelo Barão do Rio Negro. O imóvel resgatou sua tradição no início do mês, quando hospedou o governador Sérgio Cabral, após a inauguração das obras de emergência.
Orçadas em R$720 mil e feitas com recursos do Ministério do Turismo, com contrapartida do município, as obras incluíram a recuperação do telhado e das paredes internas; recomposição das sancas e adornos laterais; recuperação da iluminação interna e externa; pintura geral nas áreas interna e externa; limpeza das estátuas de mármore; e recuperação dos jardins. O prédio foi tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) em 1964.
O superintendente do Iphan no Rio, Carlos Fernando Andrade, explicou que o palácio, com nove pavilhões, tem arquitetura eclética característica do período áureo do café, no fim do século XIX:
— O prédio é importante para contar a nossa história porque foi uma espécie de capital do verão do Brasil desde a época do presidente Campos Salles, no início do século passado. Por isso será o Museu Casa dos Presidentes — disse Andrade.
Nas comemorações dos seus 164 anos de fundação, Petrópolis também inaugurou a reforma do Palácio Sérgio Fadel, onde funciona a prefeitura, na primeira etapa das obras de revitalização do Centro Histórico.
— Petrópolis tem um acervo histórico e ambiental singular, que é um resumo do período do Império e da República através da sua arquitetura. É isso que atrai tantos turistas — disse o presidente da Fundação de Cultura e Turismo da cidade, Marcus São Thiago.
Apesar da sua importância histórica, o Palácio Rio Negro, que já hospedou 14 presidentes, sofreu com o abandono, que provocou ações do Ministério Público estadual e municipal. Há pouco mais de um ano, o prédio voltou para o domínio do Iphan. O prefeito da cidade, Rubens Bomtempo, disse que o Rio Negro, antes de ser fechado ao público, recebia cerca de dois mil visitantes por mês.
O Palácio Rio Negro e a casa ao lado foram vendidos em 1896 ao governo do então Estado do Rio de Janeiro para servir de residência oficial dos governadores. Em 1903, o Palácio foi incorporado pelo Governo Federal e passou a ser residência oficial de verão dos presidentes da República. Se hospedaram no palácio os presidentes Rodrigues Alves, Afonso Pena, Nilo Peçanha, Hermes da Fonseca, Wenceslau Brás, Epitácio Pessoa, Artur Bernardes, Washington Luiz, Getúlio Vargas, Gaspar Dutra, Café Filho, Juscelino Kubitschek, João Goulart e Costa e Silva.
No governo de Hermes da Fonseca, o palácio viveu talvez o seu momento mais brilhante, com a realização do casamento do Marechal Hermes com Nair de Teffé.
Matéria de Paulo Roberto Araújo, publicada no jornal O Globo, 22 de março de 2007
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