Foi mal, Obama ...
Polêmica do outro lado do mundo
Americanos criticam reverência feita pelo presidente a imperador japonês
WASHINGTON. Imagens do presidente Barack Obama fazendo uma profunda reverência enquanto aperta a mão do imperador japonês, Akihito, em sua primeira escala na viagem à Ásia provocou uma furiosa repercussão no Congresso, na mídia e na internet dos Estados Unidos. Para os críticos, “nenhum presidente americano deve se dobrar para líder de país algum”. A imagem, reprisada desde o fim de semana nas TVs e replicada em blogs na internet, conseguiu eclipsar a viagem em si, especialmente num momento mais importante em que Obama se encontra com os líderes chineses.
A imagem vem acompanhada de críticas amargas dos que acham que Obama vem passando uma imagem de fraqueza dos EUA no exterior ao tratar com reverência a realeza, conversar com inimigos (como quando apertou a mão de Hugo Chávez na Cúpula das Américas) ou pedir desculpas por erros do governo anterior. Os disparos vieram tanto da conservadora Fox quanto da mais equilibrada CNN.
— Não reverenciamos reis ou imperadores.
O fato de os EUA estarem por aí pedindo desculpas é feio e eu nem quero ver — afirmou o comentarista conservador Bill Bennett no programa “State of the Union”, da CNN.
O reitor da Escola de Graduação em Gerência Política da Universidade George Washington, Christopher Arterton, considera a reação um exagero, mas entende que muitos tenham se sentido ofendidos. Afinal, familiares de soldados americanos que morreram lutando contra os japoneses na Segunda Guerra Mundial não se sentem à vontade com a imagem da reverência.
Além disso, o gesto remete a um fato histórico que dá a dimensão do quanto o ato de reverência é desprezado no país.
— Um dia perguntaram ao presidente George Washington se ele achava que a etiqueta do governo deveria incluir uma reverência dos cidadãos em encontros com o presidente. Ele respondeu que não havia reis na América e que ele era apenas um primeiro cidadão — disse.
O Departamento de Estado afirmou que o presidente estava apenas seguindo o protocolo, enquanto políticos democráticos consideraram a reverência “um gesto de cortesia”.
(Gilberto Scofield Jr.)
Publicado no jornal O Globo em 17 de novembro de 2009
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