16 maio 2008

Um jardim de sensações



UM JARDIM DE SENSAÇÕES

Espaço para deficientes visuais pode ser visitado também por quem quiser percorrer os canteiros com vendas nos olhos

Simone Candida


Quarenta e sete deficientes visuais do Instituto Benjamin Constant — entre eles 25 crianças — testaram ontem o novo Jardim Sensorial do Jardim Botânico do Rio de Janeiro. No espaço, que acaba de ser revitalizado e reaberto ao público, o grupo foi guiado por jardineiros que também não enxergam e pôde experimentar, pelo tato e pelo olfato, a sensação de conhecer temperos, flores e plantas medicinais. Na sexta-feira e no sábado, às 10h, a visita guiada com monitores cegos será aberta ao público e quem quiser poderá percorrer os canteiros com vendas nos olhos.
Inaugurado em março de 1995, o jardim foi criado especialmente para as pessoas com deficiência visual poderem experimentar o contato com a natureza. Ao todo, o espaço tem 32 plantas em exposição, entre elas muitas perfumadas e usadas para fazer chás e remédios caseiros, como o gengibre. Há também algumas árvores. Desde ontem, o jardim voltou a ser reaberto à visitação.
No passeio de ontem, as crianças eram as mais animadas. Os estudantes vibraram ao experimentar a sensação de tocar folhas de texturas variadas, mergulhar as mãos nas águas de um pequeno tanque com plantas aquáticas e cheirar os aromas de temperos como alecrim, manjericão e orégano.
Segundo a bióloga Yara Brito, uma das coordenadoras do Jardim Sensorial, a seleção de espécies foi realizada com o objetivo de estimular o visitante a usar as mãos e sentir os cheiros:
— São 32 plantas, fora as árvores. Selecionamos plantas que podem transmitir sensações, plantas com aromas e texturas. Muitas delas medicinais e ornamentais.
O passeio é feito num circuito com placas em braile. Para evitar acidentes, o chão foi forrado com raspas de pneu, que dão aderência ao solo. Um guarda-peito de bambu serve de apoio durante o percurso.


Publicado no jornal O Globo, 14 de maio de 2008