Um jardim de sensações
UM JARDIM DE SENSAÇÕES
Espaço para deficientes visuais pode ser visitado também por quem quiser percorrer os canteiros com vendas nos olhos
Simone Candida
Quarenta e sete deficientes visuais do Instituto Benjamin Constant — entre eles 25 crianças — testaram ontem o novo Jardim Sensorial do Jardim Botânico do Rio de Janeiro. No espaço, que acaba de ser revitalizado e reaberto ao público, o grupo foi guiado por jardineiros que também não enxergam e pôde experimentar, pelo tato e pelo olfato, a sensação de conhecer temperos, flores e plantas medicinais. Na sexta-feira e no sábado, às 10h, a visita guiada com monitores cegos será aberta ao público e quem quiser poderá percorrer os canteiros com vendas nos olhos.
Inaugurado em março de 1995, o jardim foi criado especialmente para as pessoas com deficiência visual poderem experimentar o contato com a natureza. Ao todo, o espaço tem 32 plantas em exposição, entre elas muitas perfumadas e usadas para fazer chás e remédios caseiros, como o gengibre. Há também algumas árvores. Desde ontem, o jardim voltou a ser reaberto à visitação.
No passeio de ontem, as crianças eram as mais animadas. Os estudantes vibraram ao experimentar a sensação de tocar folhas de texturas variadas, mergulhar as mãos nas águas de um pequeno tanque com plantas aquáticas e cheirar os aromas de temperos como alecrim, manjericão e orégano.
Segundo a bióloga Yara Brito, uma das coordenadoras do Jardim Sensorial, a seleção de espécies foi realizada com o objetivo de estimular o visitante a usar as mãos e sentir os cheiros:
— São 32 plantas, fora as árvores. Selecionamos plantas que podem transmitir sensações, plantas com aromas e texturas. Muitas delas medicinais e ornamentais.
O passeio é feito num circuito com placas em braile. Para evitar acidentes, o chão foi forrado com raspas de pneu, que dão aderência ao solo. Um guarda-peito de bambu serve de apoio durante o percurso.
Publicado no jornal O Globo, 14 de maio de 2008
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