31 outubro 2007

Niemeyer 6

Exposição em São Paulo mostra Niemeyer "panorâmico"


Niemeyer 360º





Mac Niterói

Uma exposição em São Paulo mostra imagens panorâmicas de obras do arquiteto Oscar Niemeyer em fotos ampliadas em até seis metros, mostrando obras famosas em Brasília, no Rio e em outros países. Acima, a foto panorâmica do Museu MAC de Niterói.

Casa das Canoas - RJ

A exposição nasceu a partir das fotos originais que ilustram o livro Oscar Niemeyer 360º - Minhas Obras Favoritas, dos fotógrafos Luiz Claudio Lacerda e Rogério Randolph. São mais de 54 fotos coloridas de vários tamanhos em ampliações que vão de 6m x 1m a imagens menores.

Universidade de Constantine

Os dois fotógrafos viajaram durante oito meses pelo Brasil, Argélia, França e Itália para fazer as imagens. Depois de 1,7 mil fotos e quatro reuniões com o arquiteto, mais de 200 imagens foram escolhidas para compor as 238 páginas do livro. E, a partir daí, as imagens da exposição.

Interior Catedral de Brasília

Uma foto em 360º usa a técnica que permite registrar a imagem em um único fotograma e, em um giro completo, mostrar as obras sob a perspectiva da integração da arquitetura com a paisagem ou uma visão mais abrangente de uma obra. Acima, o interior da Catedral de Brasília.

Partido Comunista Paris

Oscar Niemeyer elegeu sua foto preferida do livro (e da exposição): a do interior da sede do Partido Comunista em Paris (acima). "São esplêndidas as fotos de 360º apresentadas no livro. Elas mostram como a arquitetura se integra nas paisagens mais diferentes e bonitas do nosso país", disse.

Catedral de Brasília

A mostra está no Memorial da América Latina, em São Paulo, no espaço circular de mil metros quadrados da Galeria Marta Traba. A exposição mostra não apenas a plasticidade dos monumentos e prédios, mas como eles fazem sentido em seu entorno.

Fonte: BBC Brasil.com (http://www.bbc.co.uk/portuguese/)


30 outubro 2007

Hans Stern



Hans Stern, um nome que virou sinônimo de jóia


Natural de Essen, na Alemanha, Hans Stern nasceu cego e só começou a enxergar aos 2 anos de idade — e, mesmo assim, apenas com o olho direito. A deficiência, no entanto, nunca foi empecilho para seu sucesso num ramo que requer acuidade e perícia visuais. Seu gosto pelas pedras coloridas — numa época em que os joalheiros só se interessavam por pedras orientais, como rubis, safiras e esmeraldas — acabou transformando Hans num bem-sucedido homem de negócios. Ele emprestou seu nome e sobrenome para uma marca que, hoje, designa uma das cinco mais prestigiosas joalherias do mundo: a H. Stern.

A história de sucesso da H. Stern começou a ser escrita quando Hans tinha 17 anos: ele trabalhava na Cristab, uma empresa exportadora de minerais e pedras preciosas. Tendo fugido da Alemanha nazista, o jovem chegou aqui com míseros dez marcos no bolso. Em 1949, abriu a primeira loja da H.Stern, localizada na estação de desembarque dos navios, na Praça Mauá. O sucesso foi explosivo: a H. Stern se tornou uma das primeiras multinacionais brasileiras e, hoje, está presente nos principais endereços da moda internacional: Quinta Avenida, em Nova York; Neuer Hall, em Hamburgo; e 5 Höfe, em Munique.

Chamado pela revista americana “Time” de o “rei dos diamantes e gemas de cor”, Hans era um ilustre anônimo. Para manter esse “privilégio”, ele se negava a dar entrevistas e era avesso a fotos. Também não freqüentava os endereços da moda, andava sem seguranças e dirigia seu próprio carro: um Fusca. Seus luxos: coleções de selo e de turmalinas raras (esta, considerada uma das maiores do mundo).

São muitas as histórias que alimentam o mito Hans Stern, mas a que melhor traduz sua personalidade é a do publicitário Armando Strozenberg. O ano era 2002. Hans tinha sido indicado para o Prêmio Comunicação da Associação Brasileira de Propaganda (ABP). Sua indicação causou espanto, já que o prêmio só poderia ser dado a uma pessoa física. Strozenberg, autor da indicação, respondeu que o homenageado era Hans Stern e, para sua surpresa, ouviu de um dos membros da ABP: “Quer dizer que o H. Stern existe?”

Hans foi o responsável pelos primeiros desfiles de jóias no Brasil, lançou o relógio de pulso elétrico no país e abriu a primeira escola de ourives. Foi dele a idéia de lançar coleções assinadas por personalidades, como a atriz francesa Catherine Deneuve, e nomes nacionais, como os artistas plásticos Roberto Moriconi e Ana Bella Geiger, a jornalista e estilista Costanza Pascolato, o cantor e compositor Carlinhos Brown e os designers Humberto e Fernando Campana.

— Até a filantropia era exercida com discrição — lembra o rabino Nilton Bonder, que costumava encontrar Hans Stern caminhando anonimamente pelas ruas.

Discrição era, sem dúvida, a marca registrada desse empresário, que, apesar da idade avançada e de estar doente, cumpria uma rotina de trabalho espartana. Todos os dias, pontualmente às 8h30m, ele chegava à sede da empresa, em Ipanema. O único luxo da sua sala de trabalho era o aparelho de som, que passava o dia inteiro ligado. Hans era um amante da música clássica.

Como presidente do Conselho de Administração da H. Stern — uma rede com 160 lojas próprias espalhadas por 12 países — Hans acompanhava de perto a gestão dos seus dois principais executivos: Richard Barczinski e Victor Natenzon, respectivamente presidente e vice-presidente da empresa. Apesar de dois dos seus quatro filhos trabalharem na rede (Roberto e Ronaldo), a H. Stern sempre teve uma gestão profissionalizada. O grupo não tinha por prática divulgar seus balanços financeiros, mas estima-se algo em torno de R$400 milhões.

Hans, de 86 anos, morreu e foi sepultado ontem, no início da tarde, no Cemitério Comunal do Caju, no Rio de Janeiro. Ele vinha lutando contra um câncer de pele bastante agressivo. Oficialmente, Hans morreu devido a “causas naturais”. O enterro foi organizado às pressas, já que, pela tradição judaica, sábado é considerado um dia sagrado, o Shabat, e não pode haver sepultamentos. Além dos parentes, sua esposa, Ruth, seus quatro filhos (Roberto, Ricardo, Ronaldo e Rafael) e seis netos, poucos amigos e companheiros de trabalho compareceram à cerimônia. Os familiares cumpriram o desejo de Hans, que levou uma vida discreta e sem ostentação.

— Stern era franciscano. Ele era o nosso Mahatma Gandhi — lembra Ozias Wurman, ex-presidente da Federação Israelita do Estado do Rio de Janeiro (Fierj) e amigo da família.


Publicado no jornal O Globo em 27 de outubro de 2007.

A discrição deste homem talentoso, empresário de sucesso, vitorioso em todos os sentidos é de uma grandeza ímpar principalmente em nossos tempos onde se faz de tudo por menos de cinco minutos de fama. Exemplos de vida como o de Hans Stern é que merecem ser seguidos e admirados. Registro minha admiração por este ser humano e meus respeitos aos seus familiares.